Na manhã da última sexta-feira (28/02), o IMREA Vila Mariana recebeu a formatura das alunas dos programas de Residência 2018-2020 e de Bolsas para Cursos de Especialização 2019-2020, antigo Programa de Aprimoramento Profissional.
“Hoje é uma conquista não só para vocês, mas para nós também! É gratificante saber que ajudamos a formar profissionais de excelência. Foi uma honra recebê-las no Instituto e nós estaremos sempre de portas abertas”, afirmou a Dra. Vera Lúcia Rodrigues Alves, diretora do IMREA.
O evento foi marcado pela exibição de um vídeo especial, produzido pelas próprias formandas, com uma retrospectiva de todo o programa e o dia-a-dia de trabalho na unidade nos setores de Nutrição, Enfermagem, Condicionamento Físico, Psicologia, Terapia Ocupacional e Fisioterapia.
Na oportunidade, as formandas Joyce Carvalho e Rebeca Faria ainda preparam uma surpresa para as colegas e aos demais profissionais do Instituto, lendo um texto e um poema, também escrito por elas mesmas. Confira o material completo ao final da notícia.
O evento contou com a presença da Presidente do Conselho Diretor do IMREA, Profa. Dra. Linamara Rizzo Battistella, da Diretora Executiva do IMREA, Dra. Margarida Harumi Miyazaki e de todos os diretores dos serviços assistenciais do Instituto.
Dos encantos da vida
Os raios do sol
as nuvens no céu
as ondas do mar
O brilho dos olhos
o riso no rosto
o afeto do toque
sentir e compartilhar
(Rebeca Faria)
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Todo fim precisou de um começo, mas nem todo começo necessita ter fim! Há dois anos nós fizemos a escolha de viver o dia de hoje, escolhemos viver cinco mil oitocentas e oitenta incansáveis horas ao lado de nós, completas desconhecidas no início e mais que apenas colegas de residência hoje. Eu não sabia quem era cada uma de vocês há dois anos, hoje talvez eu ainda não saiba por inteiro, mas aprendi com vocês que hoje somos nós. Só nós sabemos e entendemos o quão árduo, intenso e reconfortante foram esses anos de transformações, transformações que nos engrandeceram, nos transbordaram e nos elucidaram sobre quem somos e quem queremos ser em relação ao nosso eu singular, coletivo e terapêutico.
Há algum tempo, eu tenho percebido que mudei e continuo mudando. Sabe quando você para, pensa e percebe que não é aquela mesma pessoa de antes? Que era apaixonada em certas coisas que hoje em dia você nem liga mais? Que você saiu de dentro da caixinha em que vivia? E que ultrapassou seus limites criando novas fronteiras, mesmo sem ter virado a vida de ponta cabeça. É meio complicado, mas pensem assim: você sempre gostou de azul, azul sempre foi sua cor favorita, e de repente o vermelho começa a chamar muito a sua atenção, só que você é muito apegado ao azul e não quer abrir mão. Então você junta o azul com o vermelho e forma uma nova cor, e quando essa nova cor se cria você acaba percebendo que também gosta do roxo. Esse é um resumo simples e claro de nós ao longo desses dois anos.
E é praticamente isso que vem acontecendo em nossas vidas, tudo que fomos, somos ou vamos ser, encontra-se junto e misturado, formando um “novo velho eu” e um “novo velho nós”. Mas é óbvio que no começo eu estranhei essas mudanças e acredito que vocês também, porque geralmente quando percebemos uma mudança em nós mesmas, à tendência é estranhar e apontar aquilo como um erro. Mas com o tempo você vai se acostumando, e gostando da ideia de se renovar todo dia. Eu gosto de pensar em nós como uma esponja, aonde a cada segundo, dia ou ano vai absorvendo gota por gota, seja a gota um amigo ou alguém que conhecemos, um livro que lemos, um momento que vivemos. Enfim, absorvemos tudo isso e somamos com o que e quem somos, e o resultado disso é o que transmitimos para o mundo, a mistura disso tudo, das experiências que tivemos com a nossa essência, com aquilo que éramos e que estava dentro de nós o tempo todo.
Acredito veemente que mais do que assistente social, enfermeira, fisioterapeuta, fonoaudióloga, nutricionista, psicóloga, profissional de educação física e terapeuta ocupacional, nós somos humanas, humanas para com o outro, humanas para com nós mesmas. Mais do que terapeutas, nós somos pacientes, pacientes uma da outra, pacientes uma com a outra. Desconheço qualquer uma de nós que não pensou na outra antes de se decidir sobre algo, e por isso, em dois anos construímos uma fortaleza, aprendemos a olhar além, a querer o melhor para nós, a priorizar nossa saúde seja ela mental ou física, escolhemos nos amar individualmente prezando pelo nosso bem-estar plural, nós somos iguais na diferença!
Gosto de pensar que tudo é temporário que somos passageiras nessa longa e incrível jornada chamada vida, por isso tenham leveza ao escolher por onde se vai, pensem que o que realmente importa é o que te faz abrir os olhos de manhã, entendam que desejar algo diferente não faz com que aconteça, acreditem que toda espera vale a pena se no final a gente sorri. Se o que vocês pedem todas as noites acontecesse agora, vocês estariam prontas? Sim, não, talvez quem sabe, por isso é preciso dar tempo ao tempo, nós não acordamos e simplesmente nos transformamos em uma borboleta, crescimento é um processo! Vocês ainda se assustam com o mundo? Sim, não, às vezes, por isso deem o seu melhor com as condições que vocês têm, enquanto vocês não possuem condições melhores para fazerem melhor ainda. É bem melhor quando a gente sente que é aceito de verdade e quando sabe que as escolhas são respeitadas sem julgamentos, mas é importante lembrar que essa aceitação e esse respeito devem acontecer primeiro de dentro para fora, obrigada por serem parte desse processo.
O que seus olhos diriam se eles falassem? Vocês já pensaram sobre isso? Meus olhos diriam tantas coisas que talvez faltariam palavras e eles permaneceriam em silêncio, raciocinando e elucidando sobre nós. Meus olhos diriam que acho vocês incríveis quando as vejo e por que vocês não se enxergam assim? Diriam para vocês se amarem, amor é tudo o que desejo, se olhem um pouco através dos meus olhos. Diriam que não são os anos de nossas vidas, mas sim a vida em nossos anos que contam.
Quero dizer que hoje estou aqui não só por nós, residentes, mas também por vocês, aprimorandas. Eu acredito em mim, eu acredito em você e eu acredito em nós. Nós somos o passado, o presente e o futuro. Somos mulheres inteligentes, incríveis e grandiosas, gratidão por se permitirem transformar, enaltecer e engradecer, gratidão por serem vocês e por sermos nós. Esse é só mais um doce até logo de tantos outros que virão.
À equipe do IMREA HC FMUSP, a nossa eterna gratidão por nos ensinar sobre resiliência, sororidade e por fazer florescer ainda mais a humanização presente em cada uma de nós. Vocês foram essenciais para que tudo acontecesse da forma que aconteceu, sem vocês, tudo seria diferente, e o processo de autoconstrução talvez não tão intenso e desafiador.
Obrigada e até breve.
Com carinho, Joyce de Carvalho.